Relatórios de viagem são válidos para comprovar jornada de trabalho?

A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho manteve a invalidade dos Relatórios de Viagem (RDVs) apresentados pela Pujante Transportes Ltda., de Uberlândia (MG), para fim de apuração da jornada de trabalho de um caminhoneiro. Para o colegiado, ficou comprovado, no processo, que os RDVs foram preenchidos conforme determinação da empresa e não demonstravam a realidade de trabalho do empregado. Com isso, foi mantido o reconhecimento parcial da jornada de trabalho alegada pelo trabalhador.

Na reclamação trabalhista, o motorista disse que sua jornada de trabalho diária era, em média, de 14 a 16 horas, realizada entre as 5h e as 21h, com quatro folgas por mês. Também afirmou que trabalhava em domingos e feriados e que não usufruía integralmente os intervalos interjornada, interjornadas e intersemanal.

Em sua defesa, a empresa sustentou, entre outros pontos, que, a partir da vigência da Lei 12.619/2012, que regulamenta a profissão de motorista, a jornada de trabalho passou a ser monitorada pelos sistemas de rastreamento e pelos RDVs anotados pelo próprio motorista.

Tempo de descanso e à disposição

O juízo de primeiro grau julgou improcedente o pedido de horas extras, mas o Tribunal Regional da 3ª Região (MG), após analisar as provas, registrou que os relatórios de rastreamento apresentados pela empresa não seriam suficientes para aferir a prestação de horas extras, pois não espelhavam toda a jornada de trabalho do motorista. Segundo o TRT, não havia nos documentos informações sobre o tempo de descanso ou à disposição em carregamentos/descarregamentos, abastecimentos, congestionamentos, etc. Além disso, não demonstravam a realidade de trabalho do motorista, pois foram preenchidos conforme o definido pela empresa.

Com base nessas constatações, o TRT considerou inválido o controle de jornada adotado pela empresa e a condenou ao pagamento de parte das horas extras alegadas pelo motorista.

Matéria de fato

Ao rejeitar o agravo de instrumento da empresa, a Turma verificou que o recurso se fundava em fatos diferentes dos que foram registrados pelo TRT. A Pujante sustentava que os controles apresentados, de fato, comprovariam o real tempo de condução do veículo e que não havia prova de trabalho em jornada distinta dos horários constantes desses registros. “O reexame da controvérsia exige o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado pela Súmula 126 do TST”, concluiu a relatora, ministra Kátia Arruda.

A decisão foi unânime.

(GL/CF)
Processo: Ag-AIRR-10286-20.2017.5.03.0103

Fonte: Secretaria de Comunicação Social – Tribunal Superior do Trabalho

LEIA TAMBÉM:

Tudo o que você precisa saber sobre Horas Extras

Conheça as particularidades da jornada de trabalho no Brasil

O uso do celular ou tablet com GPS da empresa comprova o controle de jornada?

É permitido alterar a jornada de trabalho do funcionário por motivo de crença religiosa?

Pesquisa revela que 60% dos empregados permanecem na empresa após o fim da jornada de trabalho

Ponto por exceção: Norma coletiva que prevê registro apenas de horas extras é válida

Supermercado que não apresentou registros de ponto é condenado a pagar horas extras a funcionário

Reconhecimento de vínculo em juízo não afasta obrigação da empresa de apresentar folhas de ponto

O registro de ponto britânico é válido como prova na justiça do trabalho?

Folha de ponto sem assinatura do empregado é válida para apurar horas extras?

TST: Falta de controle de ponto não implica condenação de empregador doméstico ao pagamento de horas extras

Tudo o que você precisa saber sobre a licença Maternidade

Quando podem ser concedidas férias coletivas em uma empresa?

Décimo terceiro salário: tire suas dúvidas sobre a gratificação natalina

Tudo o que você precisa saber sobre contrato de experiência

Carteira de Trabalho e Previdência Social: tudo o que você precisa saber sobre a CTPS

Tire suas dúvidas sobre Atividade Insalubre e Perigosa

O funcionário que usa veículo próprio pode receber indenização?

Funcionário com doença grave tem estabilidade no emprego?

O funcionário pode tirar fotos ou filmar o ambiente de trabalho?

Mãe de criança que possui espectro autista pode ter a jornada de trabalho reduzida?

Entenda as mudanças para as empresas com o Programa Emprega + Mulheres

Demissão por justa causa e multa de até R$ 20 mil: nova lei amplia penas para assédio nas empresas

Só três em cada dez brasileiros creem na possibilidade de uma semana de trabalho de quatro dias

O funcionário pode se recusar a fazer horas extras?

Se o feriado cair no sábado, deve haver compensação da jornada de trabalho na semana?

A jornada de trabalho do funcionário pode ser controlada com registros de ponto no teletrabalho?

Quando pode ocorrer a redução da jornada de trabalho?

É permitido reduzir o horário de almoço para sair mais cedo do trabalho?

Quem faz estágio tem direito a férias?

Tempo à disposição do empregador: saiba o que diz a CLT

O funcionário pode trabalhar para outra empresa durante as férias?

Quais as mudanças de jornada de trabalho para as mulheres previstas na nova legislação trabalhista?

Qual o limite de horas extras definido por lei?

O funcionário pode receber hora extra por intervalo intersemanal não usufruído de forma integral?

Descanso semanal remunerado (DSR): o que é e quem tem direito

Faltas justificadas e injustificadas: saiba tudo sobre os diferentes tipos de faltas dos funcionários

Férias: quais são os seus direitos?

Jornada de trabalho: o que diz a CLT e como fazer o controle

Banco de Horas: o que é, como funciona e o que diz a lei

Registro Eletrônico de Ponto (REP): as modernizações no controle de jornada da Portaria 671

Registro de Ponto por Exceção na empresa: como funciona?

Marco Regulatório Trabalhista Infralegal

Home office: o sistema MobPonto é o que sua empresa procura para registro e gestão de ponto do funcionário em teletrabalho

Esta entrada foi publicada em Empresas e marcada com a tag , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.