Os meses de julho e setembro de 2020 representaram um aumento de 10% na demanda por celulares no país. De acordo com um estudo da IDC Brasil, empresa que analisa o mercado de tecnologia, esse crescimento pode ser associado a dois fatores: o auxílio emergencial e a “demanda reprimida” desde o início do ano.
Esse movimento foi o responsável por um acréscimo de 48% na receita de aparelhos vendidos, totalizando R$ 20,5 bilhões. Ainda segundo o levantamento, o dispositivo preferido pelos usuários foi o smartphone, que vendeu 13,4 milhões de unidades. No entanto, os feature phones, aparelhos que possuem recursos mais limitados e apostam na simplicidade, também se destacaram e tiveram 745,2 mil unidades comercializadas.
Considerando os beneficiários do auxílio emergencial, estima-se que 15% utilizaram os valores recebidos, que poderiam variar entre R$ 300 e R$ 600, dependendo da parcela paga, para adquirir um aparelho do tipo.
Para definição das porcentagens, a empresa informa que considerou informações de uma fabricante de celular, mantida em anonimato, bem como dados de arrecadação do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) e o Índice de Consumo das Famílias (ICF).
Indo além do auxílio emergencial, a empresa afirma que esse aumento também aconteceu por conta das compras que deveriam ocorrer em meses anteriores, que teriam sido afetadas pela pandemia.
“A demanda que estava reprimida nos meses de abril, maio e junho, por conta do fechamento do comércio, foi retomada de julho a setembro”, afirma Renato Murari Meireles, analista de pesquisa da IDC.
Analisando o destino desses aparelhos, a consultoria indicou que os casos foram bem diversos. Algumas pessoas tinham como objetivo facilitar o acompanhamento dos filhos das aulas remotas ou para trabalho, devido à demanda pela participação em videochamadas.
Vendo a partir de outra vertente, também foi possível afirmar que os consumidores adquiriram os aparelhos simplesmente para poder consumir mais conteúdo oriundo de serviços de streaming, segmento que se popularizou muito durante a pandemia.
Movimento semelhante e aumento de preço
Em 2017, o comércio viu um movimento de acréscimo, que teve aumento de 25,4% nas vendas de aparelhos celular, semelhante ao apontado recentemente. Isso porque, na ocasião, foi liberado o saque do FGTS para os beneficiários, a estabilização do dólar também foi apontada pela IDC como um dos fatores.
O interessante a se observar é que as vendas tiveram um aumento mesmo com a média de preço dos aparelhos subindo, 30% para os smartphones e 32% para os feature phones.
De acordo com Meireles, isso ocorreu por conta da alta do dólar. “O dólar passou de US$ 3,97 no terceiro trimestre de 2019 para US$ 5,38 no terceiro trimestre de 2020, e afetou todo o ecossistema de tecnologia”.
Apesar dos dados do último trimestre do ano passado ainda não terem sido divulgados, a consultoria afirma que o aumento deve se manter, o que representa uma recuperação gradual do mercado.
Fonte: Olhar Digital
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