Tecnologia chega à gôndola de supermercado e facilita a vida do consumidor

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
CLAUDIA ROLLI
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Após um longo dia de trabalho, o dono ou a dona de casa moderna ainda tem que buscar os filhos na escola e se lembra de que a geladeira está vazia. Foi-se, na melhor das hipóteses, uma hora no supermercado: tempo de estacionar, comprar, enfrentar fila e levar tudo para o carro.

Para os atarefados e estressados das grandes cidades, supermercados como o francês Casino e o britânico Asda (do grupo norte-americano Walmart) já têm um aplicativo para fazer as compras pelo celular, além de superescâneres que mapeiam o carrinho todo -sem ter de passar produto por produto no caixa- e agilizam a vida de quem vai ao local.

Com o aplicativo, o cliente escolhe os itens, paga pelo cartão e passa numa espécie de drive-thru do supermercado mais próximo para pegar sua ecobag (devolvida depois na loja) pelo vidro do carro.

E nada de fast food engordurado, congelados insossos e enlatados vindos do outro lado do mundo. Frutas e verduras são orgânicas, vêm limpas, semi ou já preparadas para consumo imediato.

A comida pronta é saudável, light, recém-preparada e em pequenas porções para evitar desperdício. E tudo “razoavelmente” barato, uma vez que o consumidor que usa esses serviços pensa no preço, mas o que mais preza é o seu tempo.

As novidades não param por aí. No Brasil, o Walmart já tem um programa de rastreamento do gado para impedir o consumo de carne de áreas de desmatamento, como a da Amazônia.

O Carrefour também faz controle de procedência de carnes, hortifrútis e perecíveis. Por meio do chamado “query code” (veja quadro), o cliente descobre na gôndola de onde veio o produto, quando uma fruta foi colhida, o local em que o boi foi abatido e até a ração que o animal comia.

Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

CHIPAGEM

A principal tecnologia, porém, é a chipagem de produtos, que ainda está longe de ser implementada no Brasil devido ao custo elevado.

Por meio do chip, como de cartões de crédito e celulares, o item poderá ser rastreado, ter seu valor debitado da conta e até “avisar” que está acabando, entre outras facilidades.

Exemplo: Acabou o leite? Basta deixar programado e o chip manda uma mensagem ao mercado pedindo a reposição (por delivery). O queijo venceu? Segue para o cesto do lixo, com a encomenda de outro já garantida.

Além de “conversar” com o supermercado, o chip poderá também se comunicar com os eletrodomésticos da casa -como micro-ondas, fornos e freezer- para o preparo dos alimentos.

Até em dietas será útil. Contará calorias, vitaminas, minerais e outros itens programados pelo usuário.

COMPRA EXPRESS

Na loja do supermercado Casino na rua des Belles Feuilles (ou das folhas bonitas), em Paris, o consumidor retira logo na entrada da loja uma máquina para registrar os produtos, inserindo o cartão de crédito, antes de começar a comprar.

Enquanto anda pelos 2.700 m² para escolher seus itens, entre os 3.500 oferecidos nas prateleiras, vai escaneando os preços dos produtos e os coloca no carrinho. Ao terminar, em vez de ir para a fila, vai para o “Scan Express”.

Quando chega ao caixa, o sistema já calculou o valor da compra e a debitou do cartão.

A comodidade de escolher pela internet o que falta na geladeira e receber sem sair de casa também é mais comum para consumidores europeus do que brasileiros.

“Quando o brasileiro vai ao supermercado, a compra não é racional. Ele escolhe o pãozinho mais moreno, do jeito que o filho gosta, a fruta mais madura ou mais verde. Isso não se faz do sofá de casa, pela internet ou pelo aplicativo do celular”, diz o antropólogo Michel Alcoforado, da consultoria Consumoteca.

Nessa loja do Casino, 30% do faturamento já vem da entrega em casa. São 3.000 entregas por mês e gasto médio de € 230 por compra.

No Brasil, duas lojas do Pão de Açúcar em São Paulo e uma no Rio, além da virtual Pontofrio.com, testam o aplicativo para smartphones Itaú Mobile Card, que permite pagar compras sem cartão.

O cliente (correntista ou com cartão do banco) baixa o aplicativo e, na hora de pagar, informa ao caixa o número do celular.

A jornalista CLAUDIA ROLLI viajou a convite do Grupo Pão de Açúcar

Fonte: Folha de S.Paulo

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