O mercado brasileiro de celulares ficou extremamente segmentado depois da chegada de marcas como Xiaomi, Meizu, OnePlus, Gionee, Oppo e outras chinesas que chamaram a atenção do consumidor com preços atraentes e até incompatíveis com hardwares robustos.
De início, muitas dessas fabricantes tiveram dificuldades para se estabilizar por aqui, o que fez até gigantes como a Xiaomi darem um passo atrás. Porém, o número de interessados pelos aparelhos orientais aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Nós já testamos inúmeros modelos dessas marcas e aprovamos várias ideias propostas, mas é inegável que o consumidor nem sempre obtém as mesmas vantagens ao adquirir um celular chinês. Basta uma entrada no site Reclame Aqui para perceber que há toda uma comunidade reclamando das dificuldades no pós-venda.
Sim, o preço é convidativo, as configurações são boas e muitos trazem recursos muito requisitados: tela enorme, TV digital, rádio e câmeras de alta qualidade. No entanto, essa economia aliada à importação pode acabar sendo um pouco cara no futuro: na hora do reparo. Há inúmeras reclamações quanto à assistência, aos reparos, às peças e ao software.
Não é tão igual assim…
No mundo dos celulares, muitas pessoas têm a mania de achar que o hardware é a única coisa que importa, sendo este o principal motivo para diferenciar um aparelho de outro. De fato, muitas vezes, os componentes utilizados garantem vantagem competitiva a alguns produtos, porém há mais elementos nessa história quando falamos em comparativos.
Você já reparou que, muitas vezes, aparelhos distintos com hardwares supostamente idênticos apresentam diferenças significativas na performance? Então, o problema é que muitas vezes consideramos o hardware apenas de forma superficial, o que nos leva a crer que 2 GB de RAM é sempre igual em qualquer produto.
No fundo, existem diferenças significativas de uma marca para outra, sendo que muitas dessas especificações não são divulgadas para o consumidor. Assim como ocorre nos chipsets, em que um Qualcomm quad-core de 1,4 GHz desempenha de forma discrepante de um MediaTek de mesma configuração, o mesmo vale para quaisquer outros componentes do celular.
Esse tipo de raciocínio também é válido para outras partes do smartphone, de modo que uma tela de 5 polegadas Full HD nem sempre vai apresentar a mesma qualidade de reprodução. Tecnologias distintas (como AMOLED e IPS) apresentam imagens completamente diferentes, e proteções adicionais (como a Gorilla Glass) realmente podem proteger o produto.
É importante enfatizar que muitas informações são descartadas quando você está buscando um novo celular, mas é bom verificar esse tipo de detalhe na hora de escolher seu produto, ainda mais se você está cogitando pegar um celular chinês. Obviamente, esta não é uma máxima e há muitas exceções, porém são reclamações espalhadas na web e o alerta é válido!
Falta de representatividade no Brasil
Obviamente, não podemos generalizar e afirmar que todo e qualquer celular chinês (até porque a maioria esmagadora de smartphones é produzida lá de qualquer forma) vai dar algum problema para o consumidor. Aliás, nós já testamos vários modelos e raramente tivemos algum inconveniente, porém, na hora da compra, é preciso pensar no pior.
Acidentes e momentos de fúria, bem como erros e bugs estão fora de controle. Há inúmeras situações em que podemos elencar a necessidade de uma assistência para algum problema com o celular. Normalmente, se você comprar um celular fabricado no Brasil, a solução é bastante simples, já que há toda uma rede de autorizadas e um suporte facilitado.
Agora, se você optou por um aparelho de fora, as chances de você ter alguma dor de cabeça extra (já que nunca é legal lidar com assistência) são grandes. Muitas marcas chinesas só vendem aqui através de sites como o Gearbest ou o Mercado Livre (os anúncios que você vê em lojas como Americanas, geralmente são de parceiros que trazem os produtos de fora), o que pode implicar em um inconveniente: a falta de garantia.
Pois é, a compra de produtos do exterior não é amparada pelas leis brasileiras. Algumas marcas até podem dar alguma garantia internacional como forma de cortesia, mas é válido consultar isso antes de efetuar o pagamento. E toda essa história de ficar fora do Brasil significa que a marca definitivamente não tem um suporte robusto por aqui.
Há fabricantes que até fornecem suporte telefônico ou via email em português para emergências, porém isso não significa que você vai conseguir resolver seu problema rapidamente. Muitas vezes, a solução dada via telefone não é suficiente, sendo que uma assistência (para a reinstalação do software, por exemplo) pode ser necessária.
Agora, quando o assunto é peças, a história complica um pouco mais, já que sem fábricas por aqui e sem assistências autorizadas (e competentes), é preciso aguardar até que um determinado componente venha da China. É claro que você não vai precisar de uma nova placa todos os meses, mas o processo de experimentar isso uma única vez já é bem trabalhoso.
E não precisamos nem ir muito longe para pensar como uma assistência pode ser mais do que necessária. Com a escassez de alguns modelos, é bem difícil encontrar películas e acessórios por aqui, sendo que muitas vezes o aparelho fica desprotegido. Assim, acidentes que resultem na quebra da tela podem significar uma longa espera para uma peça de reposição.
Desta forma, nossa dica é para que você tome muito cuidado ao comprar um aparelho chinês. Há ótimos celulares da Xiaomi, da Meizu e de outras tantas, porém esses alertas valem para você pensar na sua proteção e garantia para o futuro.
Vale notar que, quanto às marcas chinesas famosas como Lenovo (que é dona da Motorola) e Alcatel, a história é um tanto diferente, já que essas empresas têm representatividade aqui e são bem confiáveis. Enfim, fica a dica e boa sorte nas compras!