A tendência de mercado é que uma tecnologia nova sempre ocupe o lugar da versão imediatamente anterior. No setor de telefonia móvel, o 4G substituiu o 3G, que substituiu o 2G. Porém, o desligamento das redes deve acontecer em uma ordem diferente: no Brasil, é bastante provável que as operadoras desativem as redes 3G antes mesmo do 2G.
Essa é a visão do conselheiro da Anatel, Leonardo Euler de Morais. Não é difícil entender o motivo: você provavelmente migrou de forma natural do 3G para o 4G quando trocou de smartphone, mas o 2G é utilizado especialmente por terminais M2M, como maquininhas de cartões, que nem sempre são atualizadas com frequência. Só elas representam cerca de 15 milhões de acessos nas redes antigas das operadoras.
Também há a categoria M2M especial, que abrange os dispositivos que utilizam a rede móvel para se comunicar, mas não sofrem intervenção humana. Eles incluem, por exemplo, sistemas de monitoramento e diagnóstico. A estimativa é que 80% deles se comuniquem por 2G, o que corresponde a outros 30 milhões de acessos.
Por isso, é menos doloroso desligar o 3G do que o 2G. E isso não deve demorar: pode acontecer em menos de quatro anos, segundo o conselheiro. Entre as operadoras, a TIM informa ao Mobile Time que planeja iniciar o refarming da frequência de 2.100 MHz ainda este ano, para “não apenas minimizar, mas já começar a fazer o shutdown da rede 3G”. O objetivo é desativar as redes antigas e abrir caminho para o 5G.
Aliás, a TIM é um caso peculiar: recentemente, passou a cobrir mais municípios no 4G (3.120) que no 3G (3.096), de acordo com os números do Teleco. A operadora claramente foca os esforços no 4G em vez de ampliar a rede legada.
Se as previsões se tornarem realidade, o Brasil não deverá ser o único a desligar o 3G antes do 2G. Algumas operadoras seguiram o caminho natural, como a AT&T nos Estados Unidos, que já acabou com o 2G; além disso, no Japão, nenhuma operadora possui 2G desde 2012. Mas, na Europa, a Vodafone não pretende desligar o 2G antes de 2025, também por causa dos dispositivos M2M e de internet das coisas.
Só espero que as operadoras tenham uma cobertura de 4G realmente boa antes de matarem o 3G.