Segundo uma reportagem do jornal Gazeta do Povo, o aplicativo de transporte individual 99 está sendo instrumento de um grande esquema fraudulento. Criminosos criam contas falsas de motoristas e de usuários e, em seguida, fazem “corridas simuladas”. Essas pessoas se aproveitam de cartões de crédito clonados e também de descontos fornecidos pela 99 para novos usuários.
Como o app sempre direciona as corridas dos usuários para os motoristas com a localização mais próxima, os criminosos conseguem fazer com que motoristas fictícios específicos sejam chamados. Assim, basta um criminoso estar do lado do outro quando pedir uma corrida para que ambos sejam conectados pela plataforma.
Duas formas de fraude
De acordo com a Gazeta do Povo, existem duas formas de explorar o esquema. Na primeira, os criminosos realmente circulam pela cidade juntos para fazer com que o aplicativo da 99 identifique o trajeto percorrido. O lucro nesse tipo de fraude acontece em cima de códigos de descontos e incentivos que a plataforma oferece para motoristas atingirem determinadas metas. Por exemplo, se o usuário falso ganha um cupom de R$ 15 de desconto, ele chama uma corrida direcionada para um motorista também falso e, antes da viagem completar os R$ 15, eles encerram a corrida. Assim, o usuário não paga nada, mas o motorista recebe o valor integral do trajeto, sendo que o desconto é oferecido pela própria 99 e não pelos trabalhadores.
Existe ainda uma forma de explorar o esquema de maneira “mais profissional”. Os criminosos seguem o mesmo princípio, mas usam uma plataforma conhecida como “GPS Fake” para simular a movimentação dos motoristas e usuários através de uma espécie de hack. Essa ferramenta gera um sinal de GPS controlado pelo criminoso, que sequer precisa sair de casa para simular suas corridas.
As corridas são feitas no cartão do usuário até que acabe o limite ou que o banco faça um bloqueio de segurança
É possível ainda usar um programa de computador capaz de gerar números de cartão de crédito aleatoriamente e, em seguida, conferir quais realmente batem com cartões ativos. Assim, os criminosos cadastram essas informações na PayPal e, em seguida, fazem o login desse método de pagamento na 99, evitando rastreamento. As corridas são feitas no cartão do usuário até que acabe o limite ou que o banco faça um bloqueio de segurança.
O jornal ainda detalhou que existem diversos grupos no Facebook e no WhatsApp que vendem o chamado “Kit Fraude”, o qual contém números de CHN, CPF, documentos de carros, bem como logins falsos para serem utilizados nesse esquema. Essas pessoas ainda dão instruções detalhadas de como operar sem ser identificado pela plataforma.
Prevenção de fraudes
A 99 disse à Gazeta do Povo que tem uma equipe especializada em segurança e prevenção de fraudes, a qual tenta identificar comportamento suspeito e bloquear contas que possam estar participando de goles desse tipo. Ainda assim, a plataforma não deu detalhes sobre como tenta agir contra esse esquema em específico.
De acordo com fontes da Gazeta do Povo, os criminosos não operam a mesma fraude no Uber porque é mais difícil direcionar corridas a motoristas com localizações mais próximas, uma vez que a plataforma leva em conta o tempo em que o trabalhador está sem nenhuma corrida para fazer a distribuição dos chamados.