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A Nokia não pode lançar smartphones até 2016, quando vence o prazo definido no contrato de venda de suas fábricas para a Microsoft, firmado em setembro de 2013. Mas o CEO da Nokia, Rajeev Sur, já planeja retorno da marca para o mercado de celulares.
No começo deste ano, a empresa já investiu na criação de um produto com Android, o tablet Nokia N1, que é vendido na China. Montado pela Foxconn, a mesma companhia responsável pela montagem dos iPhones da Apple, o aparelho tem uma tecnologia, até o momento, única no mercado de tablets: o conector USB-C. Ele é o chamado “reversível”, ou seja, tanto faz a maneira que você ligue o cabo ao gadget, já que não há um lado certo, diferentemente do que acontece no microUSB presente dos tablets atuais (exceto pelo caso da Apple, que usa o conector proprietário Lightning no iPad).
Há pouco tempo, a companhia também lançou uma câmera para realidade virtual. Essas duas iniciativas refletem uma nova posição da Nokia: não perder o momento certo de trazer recursos para os seus aparelhos. A companhia não pretende reagir de maneira vagarosa às mudanças de gosto dos consumidores. Ou seja, a ideia é não repetir os erros do passado.
Além do lançamento do N1, outro indício de que a Nokia vai adotar o sistema Android em seus celulares – em vez do Windows – é o aplicativo Z Launcher. O que ele faz é modificar a interface do seu aparelho com sistema do Google da maneira que a Nokia considera que oferece a melhor experiência para o usuário. Aplicativos são exibidos na tela de desbloqueio de acordo com o horário, por exemplo.
Vale lembrar que em abril deste ano, o presidente da divisão chinesa da Nokia, Mike Wang, declarou que a Nokia voltaria ao mercado de smartphones e que iria investir na criação de produtos com sistema Android. Poucos dias depois, a empresa informou que a informação, bem como os demais rumores que circularam pela imprensa internacional à época eram falsos.
Mercado
A Nokia diz que a sua marca é reconhecida por 4 bilhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, a empresa deixou de lançar smartphones sob seu próprio nome neste ano no Brasil, com a chegada do Lumia 640. “Uma marca é rapidamente esquecida se estiver fora do mercado de consumo˜, afirmou Anssi Vanjokim, um ex-executivo da Nokia e atual professor na universidade de tecnologia de Lappeenranta, da Finlândia, de acordo com informações da Reuters. “A marca não vai ajudar muito se o produto for similar ao que já está disponível. Mas se houver algo novo e interessante nele, a herança pode ser útil.”
O trunfo da Nokia é ter um dos maiores portfólios de propriedade intelectual da indústria de dispositivos móveis – que não foi vendido para a Microsoft na transação bilionária de 2013. Todo esse material foi criado com o investimento de bilhões de euros nas últimas duas décadas e a empresa não quer perder isso.
Os planos da Nokia já estão em ação. A companhia busca parceiros para voltar a atuar no segmento de smartphones. No entanto, os resultados desse empreendimento só devem ser revelados em detalhes no quartro trimestre do ano que vem.