Pode parecer somente um jeitinho para driblar os preços de produtos originais, mas utilizar carregadores de celular estragados, falsificados ou defeituosos apresenta perigos reais.
Eles podem afetar o funcionamento dos aparelhos ou, em casos mais preocupantes, machucar o usuário.
A própria Apple, uma das principais fabricantes de celular do mundo, já criticou publicamente sites de vendas online por terem em seu catálogo produtos falsificados, o que poderia, segundo a gigante da tecnologia, até colocar vidas em risco.
Ao mesmo tempo, principalmente após os casos de baterias “explosivas” dos Galaxy Note 7 da Samsung, há muita especulação sobre o tema. O site Boatos.org, por exemplo, que vem desmentindo notícias e correntes falsas no Brasil desde 2013, já provou que dezenas de rumores relacionando carregadores de celular a ferimentos e mortes eram mentira.
Entenda aqui o que dizem organizações que são referência na área de segurança do consumidor.
1. Choques elétricos
A organização britânica Trading Standards, que faz campanhas de conscientização sobre segurança do consumidor, divulgou alguns dados preocupantes após testes com carregadores de celular.
Em 2016, ela revelou que, de 400 carregadores da Apple falsificados testados, 397 falharam em quesitos básicos de segurança.
Itens comprados na internet com origem em oito países diferentes, como os Estados Unidos, China e Austrália, foram conectados a redes elétricas de alta tensão. Eles apresentaram isolamento insuficiente contra descargas elétricas.
Leon Livermore, diretor executivo da organização, alertou que os riscos poderiam ser fatais.
“Pode custar algumas cifras a mais, mas produtos falsificados ou de segunda mão têm origem desconhecida e podem te custar sua casa ou até mesmo sua vida”, disse Livermore.
Joyce Nogueira, engenheira e especialista em segurança do trabalho, explica que carregadores clandestinos deixam de ter dispositivos que garantem a segurança nos originais. É o caso, por exemplo, de fios com a resistência adequada à corrente recebida e sensores que interrompem a energia quando a bateria está 100% carregada, como se fossem disjuntores. As baterias modernas, de íon de lítio, também não “viciam” como as mais antigas, de níquel cádmio, se usadas de forma correta. O mesmo não pode ser garantido com o uso de carregadores falsificados ou danificados.
“Depois que a bateria fica cheia, se não houver um sistema que interrompa a corrente, pode haver superaquecimento. Isso pode ‘viciar’ a bateria, danificar o aparelho e até causar acidentes”, explica Nogueira.
Como detectar um carregador falso?
- Busque por certificações – no Brasil, selos da Anatel identificam que o produto atende a requisitos determinados pelas autoridades.
- Marcas costumam inscrever informações no produto, como o local em que ele foi fabricado; verifique se estes dados estão presentes.
- Preste atenção em erros no texto e na logomarca inscritos no produto.
- Materiais e peso: os falsificados são mais leves, por estarem ocos por dentro, e podem trazer imperfeições
2. Incêndios e explosões
Por outro lado, além de descargas elétricas, cabos falsificados ou defeituosos “podem fazer com que os dispositivos esquentem demais e inclusive explodam”, diz o site da organização Electrical Safety First.
A organização destaca que este tipo de situação pode estragar o aparelho celular e, em casos mais graves, machucar uma pessoa.
Carregadores analisados pela Electrical Safety First mostraram componentes internos danificados ou fios internos mal soldados, o que traz risco de curto-circuitos.
Joyce Nogueira, engenheira e especialista em segurança do trabalho, explica que carregadores clandestinos deixam de ter dispositivos que garantem a segurança nos originais. É o caso, por exemplo, de fios com a resistência adequada à corrente recebida e sensores que interrompem a energia quando a bateria está 100% carregada, como se fossem disjuntores. As baterias modernas, de íon de lítio, também não “viciam” como as mais antigas, de níquel cádmio, se usadas de forma correta. O mesmo não pode ser garantido com o uso de carregadores falsificados ou danificados.
“Depois que a bateria fica cheia, se não houver um sistema que interrompa a corrente, pode haver superaquecimento. Isso pode ‘viciar’ a bateria, danificar o aparelho e até causar acidentes”, explica Nogueira.
Já em 2016, explosões envolvendo baterias de celulares tomaram o noticiário, dessa vez, com produtos originais, levando a um recall em todo o mundo do Galaxy Note 7. No ano seguinte, a Samsung divulgou os resultados de uma auditoria que buscou as causas das explosões. Segundo a empresa, elas estavam nas deformações e problemas no isolamento de certos componentes internos, fabricados por dois fornecedores.
3. Problemas na bateria
Os carregadores têm a função de transmitir para a bateria a energia que vai provocar reações químicas na peça e que, por sua vez, darão energia para o celular funcionar.
Mas, se há oscilações e volume inadequado de energia chegando ao aparelho, a vida útil da bateria pode ser deteriorada. Usar carregadores falsificados ou danificados podem contribuir negativamente para isto.
Cobrir a parte danificada do cabo não resolve o problema, então, se o seu carregador estiver quebrado, é melhor parar de usá-lo.
“Pode ser que, estatisticamente, o número de acidentes não seja muito representativo, mas os celulares são cada vez mais elementos fundamentais do nosso dia a dia. São inclusive usados por crianças. Na via das dúvidas, é melhor não arriscar e se prevenir”, recomenda Nogueira.
Dicas para evitar danificar o cabo do carregador:
• Evite enrolá-lo.
• Não dobre-o muito.
• Não armazene-o em locais com alta temperatura