O Be My Eyes funciona com um sistema de câmera direta, aos moldes do FaceTime (serviço de videochamada da Apple). Assim, voluntários podem averiguar o prazo de validade de um alimento ou ler a bula de um remédio para os cegos. É necessário, porém, ter boa conexão com a internet e utilizar iOS, o sistema operacional da Apple.
Ao baixá-lo, usuários indicam se são deficientes visuais ou voluntários. No primeiro caso, o serviço funciona com recursos de acessibilidade que permite ao cego realizar uma chamada quando houver necessidade. No segundo, deve-se apenas escolher a língua em que deseja ser contatado e aguardar por uma ligação, que pode ser feita a qualquer momento de qualquer lugar do mundo.
A quantidade de chamadas recebidas por cada voluntário é moderada, pois há uma proporção muito maior de ajudantes cadastrados no serviço do que de deficientes visuais. Quando não é possível atender a solicitação, ela é encaminhada a outro voluntário.
“É uma forma de se tornar mais independente. Quando eu estou cozinhando, por exemplo, se chamei convidados, quero que [a comida] esteja certa. Então eu ligo para alguém para perguntar: ‘Como está? Parece que já está bom ou precisa cozinhar mais?’”, disse uma usuária do serviço em um vídeo divulgado na internet.
O aplicativo foi criado pelo empreendedor dinamarquês Hans Jørgen Wiberg, ele mesmo portador de um problema visual, a retinite pigmentosa – um conjunto de doenças hereditárias que causa a degeneração da retina, parte do olho responsável pela captura de imagens.
“Be My Eyes é uma forma nova de ser voluntário. É o jeito mais fácil e mais conveniente. E você pode ser voluntário a qualquer momento. Quando tiver um intervalo no trabalho, esperando numa fila do mercado ou quando estiver em casa descansando no sofá. Sempre que temos um intervalo, jogamos coisas no celular como Angry Birds e Fruit Ninja. Acho que podemos fazer melhor do que isso.” Hans Jørgen Wiberg
Segundo dados divulgados pelo serviço, mais de 400 mil pessoas estão utilizando o aplicativo pelo mundo. Para cada deficiente visual, há em média 12 voluntários para ajudar.