Quem já teve um celular roubado provavelmente já parou para pensar em algum momento: o que o ladrão que tomou meu aparelho está fazendo? Que utilidade deu para o dispositivo? Será que ele realmente ficou com o produto ou já repassou? Algumas dessas perguntas intrigavam o estudante holandês de Cinema Anthony van der Meer, que resolveu produzir provas reais para tirar suas dúvidas.
Depois de ter o seu smartphone roubado, van der Meer resolveu deixar um segundo aparelho ser furtado de propósito, com uma pegadinha. Em seu HTC One M7, ele instalou um software chamado Cerberus, que permite o controle remoto completo do dispositivo, incluindo leitura de mensagens de texto e acompanhamento das atividades da câmera e do microfone.
Depois de vários dias tentando ser roubado de propósito, ele conseguiu o feito em uma viagem de trem. O resultado é o minidocumentário “Find My Phone”, com 21 minutos e uma história com final surpreendente. Veja abaixo (com legendas em inglês).
Mais complexo do que parecia
No fim das contas, o ladrão não resetou o aparelho: ele simplesmente continuou utilizando o smartphone do mesmo jeito que encontrou. Dias depois do incidente, um novo chip SIM foi inserido, por alguém com uma conta em árabe. Seguindo a localização do ladrão pela movimentação do GPS, o aparelho foi parar em uma cidade francesa, mais precisamente em um abrigo de ajuda humanitária, e depois novamente em Amsterdã.
As conversas quase sempre giravam em torno de dinheiro e, no fim das contas, o aspirante a cineasta começou a pensar que o ladrão era uma pessoa pobre, triste e que vivia em dificuldades — a ponto de o jovem sentir certa pena e até colocar créditos ele mesmo para que o sujeito não parasse de usar o aparelho. Seria um terrorista, um sem-teto ou algo parecido?
No fim do documentário, van der Meer resolve ir até o último local apontado pelo GPS para ver o ladrão pessoalmemte. O resultado é bem diferente do que ele imaginava: a pessoa é saudável, com um ar agressivo e possivelmente envolvida com drogas. Para não ser reconhecido ou algo do tipo, ele foi embora antes de iniciar qualquer contato, exceto tirar uma foto.
Entre as lições que o jovem quis deixar com a obra, é possível notar a ironia da situação: quem foi roubado foi ele, mas foi o ladrão quem teve a privacidade invadida. Só que, ao mesmo tempo, mesmo acompanhando o sujeito direto por vários dias, van der Meer notou que o resultado final foi que ele não fazia ideia de quem aquela pessoa de fato era. Há quem duvide da situação e acuse o rapaz de ter encenado tudo, mas a ideia não deixa de ser interessante e um ótimo ponto de reflexão.