De acordo com o estudo IDC Mobile Phone Tracker Q1, da consultoria IDC Brasil, o número de celulares vendidos no Brasil de janeiro até o fim de março de 2016 foi 32,9% inferior que o número de aparelhos vendidos no mesmo período em 2015. Nos três primeiros meses de 2016, foram vendidos 10,3 milhões de celulares no país.
Destes, 89,8% (9,3 milhões) eram smartphones, enquanto os demais 10,2% são dispositivos mais básicos, chamados de “feature phones”. A queda na venda de smartphones na comparação com os mesmos três meses do ano passado foi o mais acentuada: houve redução de 34,4% no número de smartphones vendidos entre os dois períodos. Entre os “feature phones”, a queda foi de 15,7%.
Para o ano de 2016, a consultoria prevê uma queda total de 17% no mercado de celulares, e de 16% no segmento de smartphones. Segundo Diego Silva, analista de pesquisas do IDC Brasil, “muitos fabricantes estão passando por dificuldades no país e não investirão em lançamentos”, o que “impacta agressivamente o mercado”.
Crescimento desigual
Embora o número de smartphones vendidos no primeiro trimestre de 2016 tenha sido 34,4% menor que o do mesmo período em 2015, a receita gerada por essas vendas caiu apenas 6,1%. Em outras palavras, embora o número de smartphones vendidos tenha caído um terço, o dinheiro movimentado por esse setor diminuiu bem menos.
Isso é reflexo do aumento no preço médio pago pelos compradores desses dispositivos. Segundo o estudo da IDC, o preço médio pago por consumidores de smartphones no Brasil cresceu de R$ 790,52 para R$ 1139,23 – um aumento de 44,11%.
Além disso, apesar do resultado negativo, o mercado de smartphones teve um crescimento impressionante em duas faixas de preço. O número de aparelhos com preço entre R$ 1000 e R$ 1299 vendidos no primeiro trimestre de 2016 foi 321,9% maior que nos três primeiros meses de 2015 (ou seja, cresceu mais de quatro vezes). Entre os aparelhos com preço superior a R$ 3000, esse aumento foi de 110,6% (ou seja, o número de dispositivos vendidos por esse preço mais que dobrou).
O analista Diego Silva opina que o aumento dos preços de smartphones pode ser atribuído a dois fatores: a alta do dólar, que as empresas optam por repassar aos consumidores finais, e a fidelização dos usuários. “A maioria dos usuários já está na segunda ou terceira compra. Isso faz com que os fabricantes alterem seus portfólios e passem a oferecer celulares com especificações técnicas superiores”, diz.
Entre os “feature phones”, dispositivos mais baratos, a redução no número de aparelhos vendidos acompanha uma tendência de queda que vem desde o ano passado. Em 2015, 4 milhões de aparelhos desse tipo foram vendidos no ano inteiro. Além disso, quatro fabricantes concentram 95% do mercado nesse setor, o que contribui para a redução das vendas, segundo Silva. Ele ainda opina que o momento atual do mercado é favorável ao surgimento de novas marcas: “Não podemos esquecer que 35% da população ainda vai adquirir seu primeiro smartphone“.