Infelizmente, de maneira geral, a criminalidade tem aumentado em nosso país nos últimos anos, e os celulares têm se tornado um dos alvos preferidos dos ladrões. Isso se deve ao tamanho relativamente pequeno desse tipo de eletrônico e ao alto valor agregado que eles possuem.
Como sabemos, é fácil encontrar modelos que custam mais de R$ 1,5 mil ou R$ 2 mil, fato que os tornam “pratos cheios” para os criminosos, que os obtêm em abordagens curtas e podem transportá-los com facilidade e ainda conseguir uma boa quantia de dinheiro pela revenda ilícita.
Mas qual o destino dos aparelhos após serem roubados? E quando a polícia consegue reaver um equipamento furtado, onde ele vai parar? Fomos atrás de informações sobre tudo isso e ainda trouxemos dicas do que você deve fazer caso tenha seu celular furtado ou perdido. Tudo isso você confere neste artigo.
Os números não mentem
O primeiro fator que colabora para tanta visibilidade dos smartphones aos olhos dos bandidos é a sua popularidade. De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) em meados de 2014, os smartphones já representavam 76% do mercado de telefonia portátil brasileiro. Em outras palavras, os criminosos encontram “alvos” com certa facilidade, e isso se reflete nas estatísticas sobre crimes praticados por aqui.
Um estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o qual foi veiculado pelo jornal Estadão, aponta que o número de celulares roubados ou furtados quase triplicou em um período de 10 anos e o coloca como o objeto mais afanado pelos bandidos. O índice pulou de 20,7% no ano de 2003 para 59,2% em 2013 entre todos os itens pessoais levados durante os assaltos.
“Celulares são aparelhos pequenos com alto valor agregado, mas a polícia não vai atrás porque há muitos casos. A impunidade aumenta a descrença das vítimas e, por fim, encoraja os criminosos”, comentou André Zanetic, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo na época.
Essa publicação ainda informou que somente na cidade de São Paulo, foram roubados em média 420 celulares por dia no primeiro semestre do ano passado. Em Londres, por exemplo, essa taxa é de 80 aparelhos. Uma pesquisa citada pelo Estadão sugere que entre janeiro e março de 2014, aproximadamente 41,2 mil dispositivos foram roubados ou furtados na capital paulista.
Outra matéria desse mesmo jornal relata que o ano passado bateu recordes de ocorrências dessa natureza: 390 mil queixas foram registradas, um número 20,4% maior do que em 2013 e que foi o mais alto dos últimos 14 anos — desde quando a Secretaria de Estado de Segurança Pública iniciou a divulgação de estatísticas da criminalidade no estado.
Obviamente, isso não é uma exclusividade de São Paulo. De acordo com o G1, o Instituto de Segurança Pública identificou na cidade do Rio de Janeiro um aumento de 74,5% nos roubos de celulares em dezembro de 2014 se comparado ao mesmo mês do ano anterior. O que vale salientar ainda é o fato de que muitas pessoas sequer registram essas ocorrências com a polícia, ou seja, esses números podem ser ainda maiores.
Na mão da bandidagem
Como você deve imaginar, os ladrões não furtam celulares para uso pessoal. Depois de roubar um aparelho, a bandidagem recorre a mercados paralelos e informais para revender os produtos afanados e conseguir assim o seu “lucro”. E encontrar essas feiras clandestinas não é tão difícil. Elas geralmente surgem no meio de outros locais de comércio legais, como centros comerciais de camelôs e até shoppings.
O site UOL já relatou que vendedores foram flagrados no centro de São Paulo negociando dispositivos roubados. Essas mesmas pessoas indicam assistências técnicas que efetuavam o desbloqueio dos eletrônicos por apenas R$ 10. Por sua vez, o G1 noticiou um levantamento realizado em Teresina, no Piauí, o qual sugere que 90% dos celulares furtados acabam sendo comercializados em um dos principais shoppings da cidade.
Os preços baixos até podem ser um atrativo para aqueles que estão sem dinheiro e precisando de um celular, mas é importantíssimo ressaltarmos que comprar equipamentos roubados também é considerado crime e pode resultar em prisão.
“Tem o indivíduo que pratica o roubo, o receptador e um terceiro, que é aquele que circula na praça, compra o aparelho e leva para a loja no shopping. A pessoa vai até lá atrás de um objeto mais barato, pensando que está comprando um produto legal, mas pode perder seu dinheiro, o objeto e ainda ser indiciado por receptação”, esclarece o delegado Ademar Canabrava, titular do 12º DP da Polícia Civil da capital piauiense.
Aparelho recuperado, para onde vai?
Mas e quando a polícia recupera um dispositivo nas mãos dos criminosos, qual o destino desse aparelho? Bem, aqui existem alguns diferentes cenários a serem observados, como explicou em entrevista o delegado da Polícia Civil Rodrigo Silva de Souza, da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba.
O primeiro deles é quando o meliante é detido em flagrante. Se a vítima estiver presente, após os devidos registros, o equipamento é devolvido de imediato. Caso o ladrão seja capturado posteriormente ao crime, o celular será levado até uma delegacia, onde os policiais verificarão se existe algum Boletim de Ocorrência que identifique o seu dono e assim possam entrar em contato.
Se isso não for possível, o smartphone permanece na delegacia por algum tempo, caso o proprietário o procure. Após esse período, os dispositivos que ficaram na delegacia são encaminhados para um depósito da polícia, onde serão guardados por tempo indeterminado.
Aqui, é válido ressaltar que a entrega dos eletrônicos é realizada somente mediante apresentação de algum documento ou informação que identifique o dispositivo em questão, como nota fiscal de compra ou o código IMEI. Assim, uma dica dada pelo delegado Rodrigo Silva de Souza é que os consumidores anotem e guardem um ou ambos esses recursos para que possam ser incluídos no B.O. e apresentados no momento da devolução do bem furtado.
Precauções são bem-vindas
Uma maneira de tentar reduzir esse aumento seria a regulamentação e padronização de mecanismos que de alguma forma diminuam a “comodidade” dos ladrões após seus crimes. Por exemplo, nos EUA existe um projeto de lei, que já está sendo adotado em estados como Califórnia e Minnesota, prevendo a adição do que eles chamam de “kill switch” — se traduzido para o português, o termo seria algo como “botão da morte”.
A ideia é que todos os smartphones saiam de fábrica com uma função acessada e controlada remotamente que permita ao seu proprietário desativá-lo permanentemente em caso de roubos ou extravios, além de apagar todo o conteúdo armazenado em sua memória interna — uma iniciativa já adotada por Microsoft e Google.
As autoridades norte-americanas acreditam que dessa forma os roubos de celulares se tornariam menos lucrativos, já que eles poderiam ser facilmente inutilizados, desencorajando os bandidos a cometerem esse tipo de delito. Em contrapartida, tal medida pode desagradar operadoras e outras companhias que comercializam seguros para eletrônicos portáteis, conforme relata o Estadão.
O que fazer?
Ser assaltado é uma péssima experiência, e muitas pessoas ficam perdidas sobre como reagir após serem abordadas pelo assaltante. A primeira coisa a se fazer é se dirigir até uma autoridade policial, seja uma viatura em patrulha ou uma delegacia, para registrar o Boletim de Ocorrência.
Nesse momento, dependendo da disponibilidade dos policiais, é possível tentar rastrear o produto roubado, se ele possuir algum tipo de mecanismo localizador. Vale salientar que não é recomendado usar esses recursos para ir atrás do item furtado, pois você estaria colocando em risco a sua integridade física.
Atualmente, existem várias maneiras e ferramentas para tentar localizar um determinado smartphone. Os principais sistemas operacionais móveis da atualidade possuem funções nativas e uma grande diversidade de softwares compatíveis com tal finalidade.
Se tal etapa não resultar na recuperação do eletrônico, o passo seguinte é efetuar o bloqueio do aparelho utilizando o seu IMEI. Para isso, basta ligar para a operadora de telefonia móvel contratada, informar o ocorrido e solicitar esse bloqueio e também o cancelamento do chip.
Fonte: TecMundo