Equipe conseguiu analisar inúmeros dados de treinamentos e jogos, o que ajudou a melhorar o desempenho do time
Além de bons jogadores e de um técnico competente, a equipe germânica contou com o big data em seu arsenal para ser campeã mundial: com a ajuda de uma ferramenta da também alemã SAP, a equipe conseguiu analisar inúmeros dados de treinamentos e jogos, o que ajuda a melhorar o desempenho do time.
A solução é chamada de Match Insights, e foi desenvolvida pela empresa de TI em parceria com a Deutscher Fussball-Bund (DFB), a confederação alemã de futebol, depois de firmarem uma parceria ainda no ano passado.
“Ambos os lados colocaram ali o que sabiam, e o resultado foi ótimo”, declarou em vídeo Oliver Bierhoff, gerente da seleção da Alemanha. Por ora, ela está limitada à Alemanha, mas a ideia da companhia é lançá-la em maior escada depois da Copa do Mundo.
O aplicativo, que roda na plataforma HANA da própria SAP, deixa técnicos e preparadores processarem todo o volume de informações que é gerado em uma partida ou mesmo na preparação.
Dessa forma, eles avaliam situações de jogo e descobrem o que é mais indicado para cada um da equipe fazer nos treinos. Pela demonstração que você confere abaixo, a ferramenta permite checar desde a organização tática e a precisão de chutes até a posse de bola e a distribuição de passes – algo que o time fez muito bem na partida contra o Brasil.
De acordo com um post no blog da SAP, o Match Insights conta com uma interface de usuário simples, o que facilita seu uso mesmo pelos jogadores. Conforme explicou Bienhoff, uma tela sensível ao toque dentro de uma sala fica disponível para os futebolistas, que conferem por ali “todas as informações que a equipe tem deles, do time como um todo e dos oponentes”. Assim, não ficam totalmente dependentes dos preparadores para melhorar.
Resultados
Além de “criar” jogadores que conseguem entender os dados, a ferramenta ainda ajudou a Alemanha a conquistar uma superioridade estatística sobre os adversários. Até as semifinais, o time deu 64 chutes ao gol que acertaram o alvo, marcando uma média de um tento a cada 34 minutos e 5,4 tentativas. Para efeito de comparação, a Argentina, outra finalista, deu 61 chutes, mas conseguiu fazer gols a cada 75 minutos e 11,9 tentativas – e os valores não são muito melhores para Brasil e Holanda, os dois semifinalistas que ficaram de fora.
Dá para argumentar que a goleada de 7 a 1 sobre o time brasileiro afetou esses números, mas não é bem assim: antes das semis, as médias da Alemanha já eram de um tento a cada 39 minutos e 5,3 tentativas. Ou seja, eles já estão bem desde as fases anteriores mesmo.
Fora o lado futebolístico, o Match Analytics da SAP também é útil socialmente, já que analisa as redes sociais para avaliar humor e participação de torcedores. Esses dados são reunidos a cada partida e exibidos em vídeos que a empresa de TI compartilha no YouTube, mostrando desde porcentagens de aprovação do time pelos fãs até os jogadores mais populares no decorrer da partida. Ainda não há dados sobre a partida contra o Brasil, mas é de se imaginar que Kroos e Schurrle estejam no topo.
Big data e os esportes – Além do trabalho feito com a DFB, a SAP já colabora há anos com o Hoffenhein, clube de ascensão meteórica da primeira divisão da liga de futebol da Alemanha – e que tem apoio há anos de Dietman Hopp, co-fundador da empresa de TI.
Soluções em software da companhia são usadas há algum tempo pela equipe, e em novembro do ano passado as tecnologias avançaram para algo mais ou menos parecido com o que é adotado na seleção alemã. Elas incluem o uso do Google Glass e também de sensores nas vestes, capazes de coletar e enviar dados que são analisados na plataforma HANA. Os resultados ficam acessíveis para o clube, que pode usá-los para melhorar o desempenho em campo.
E a mesma SAP não se limita ao futebol tradicional: há ferramentas dela no futebol americano, no tênis, na Fórmula 1 e até no críquete. A Liga Nacional de Futebol dos EUA (NFL) usa uma ferramenta de análise de mídias sociais da empresa, que ajuda a acompanhar a movimentação e a reação de telespectadores nas redes.
Já a associação das tenistas Woman Tennis Association (WTA) utiliza soluções de big data para melhorar os treinos das atletas coletando e analisando estatística. Enquanto isso, no críquete, a equipe indiana Kolkata Knight Riders apelou para soluções da companhia para selecionar jogadores, definir estratégias, reunir dados de partidas e, no final, ganhar a Premier League. Por fim, a equipe McLaren da Fórmula 1 usa a HANA para agregar informações e alimentar seus bancos de dados.
Aliás, não é só a empresa alemã que tem seus programas de big data nos esportes. A IBM, por exemplo, é presença certa nos maiores torneios de tênis, como Wimbledon e os outros Grand Slams, com seu SlamTracker, que coleta dados e gera as estatísticas para jogadores e espectadores. Na Fórmula 1, por sua vez, está a EMC, parceira de infraestrutura da equipe Lotus.
Os indianos da gigante TCS têm seu aplicativo de análise de mídias sociais, usado por torcedores de equipes de futebol para ver quais os assuntos e jogadores mais populares nas redes. E por fim, mas não menos importante, a Sportvision usa seu serviço PITCHf/x em jogos de beisebol para analisar a movimentação daqueles que estão pelo campo, das tacadas e dos arremessos.
Fonte: Exame